oficina de restauro


A produção azulejar em Portugal desde o seu início sempre teve uma relação directa com os ambientes arquitectónicos onde era aplicada. As fachadas das povoações do Norte (Porto,Matosinhos, Gaia, Ovar, Aveiro, etc.) e mais tarde, as do Sul, vão cobrir-se da azulejos produzidos nas fábricas surgidas após a recuperação económica que se iniciou cerca de 1840. Esta azulejaria de estampilha e relevo encontra-se em numerosos prédios que formam frentes urbanas como a da Calçada da Ajuda em Lisboa e a rua das Tripas no Porto.Evidente que quando os primeiros tiveram a coragem de o fazer foi um”repelente escândalo”,sendo mesmo utilizado o termo “casas de penico”, mas com a inundação das ruas com tanto reflexo de luz e cor, ousadia valeu a pena tornando-se um potencial de valorização estética dos exteriores. (Tal não aconteceu recentemente durante os finais do SEC.XX por culpa da má qualidade da construção do mau gosto de quem desenhava tais motivos para azulejos).
Grande parte desta azulejaria de fachada aplicada com a “argamassa” está nos nossos dias, a cair e em risco de se perder devido ao desleixo e aos roubos sistemáticos de grandes quantidades de azulejos.

Assim para responder á crescente procura por parte dos proprietários de prédios que querem restaurar este exemplares de afirmação da cultura portuguesa, foi criado no atelier joaquim pombal uma oficina dedicada especialmente ao restauro de azulejos de fachada dos finais do séc.XIX e princípios do séc.XX, já que é desta época que existe maior quantidade de unidades em risco, visto estes serem aplicados no exterior e em cidades costeiras sempre próximas do corrosivo sal do mar.
Com esta iniciativa pretendemos ajudar a proteger um património que se degrada cada dia, ajudado a manter viva uma tradição e um reflexo de uma época. Mais do que os motivos em si, os azulejos dos nossos Burgos históricos reflectem um gosto mourisco herdado dos árabes, pelo excesso em revestimentos decorativos totais dos espaços, uma espécie de “horror ao vazio”, que tanto impressiona os estrangeiros quando visitam as nossas cidades.
Desde 1985 no atelier joaquim pombal sempre se realizaram restauros de grandes quantidades de azulejos de todas as épocas da produção portuguesa e com base nesta experiência colocamos aqui os processos que efectuamos nas obras de restauro azulejar:
- Levantamento e trabalhos «in situ» quando necessário
- Registo gráfico e fotográfico exaustivo dos painéis.
- Colagem de película na superfície vidrada para consolidação de todas as unidades e evitar riscos de fracturas na remoção.
- Numeração dos painéis para facilitar posterior montagem dos elementos em falta.
- Levantamento peça a peça de todas as unidades em perigo com consequente remoção de grande parte da argamassa de suporte.
- Limpeza de todas as superfícies vidradas e juntas que se mantêm no local.
- Cópia dos desenhos a realizar para as lacunas existentes, através de decalque.
- Confirmação do desenho e cor dos azulejos que vão sendo restaurados.
-Limpeza, restauro e feitura de réplicas em atelier e laboratório:
- Remoção e limpeza, tanto manual como mecânica, das argamassas duras e calcinadas no tardoz de cada azulejo retirado.
- Limpeza da matéria orgânica, por oxidação. Limpeza das concreções calcárias e remoção dos sais (banhos de tricloroetano, propanona, álcool etílico e água destilada).
- Aplicação de pesticida quando necessário, para eliminação de fungos.
- Dessalinização, sempre que se verifique a existência de sais solúveis.- Consolidações pontuais dos azulejos fracturados que não carecem de restauro